Hacktivismo e Eleições 2018

Com a prisão do ex-presidente Lula, o clima de acirramento político no Brasil se amplia a patamares inéditos na história recente. A dimensão cibernética não existe no vácuo e reflete esse panorama político-ideológico. Ela é, contudo, agravada pela capacidade ofensiva demonstrada por diversos hackers e/ou grupos brasileiros. Se para causar impacto presencial manifestantes precisam de um contingente grande de pessoas para bloqueio de vias públicas, hackers e/ou grupos podem manejar grandes ataques de negação de serviço com poucos recursos financeiros e informacionais.

Exemplo dessa capacidade ofensiva foi observado na madrugada do dia 09/04. Um hacker conhecido como Sroloko (aparentemente filiado ao grupo ASG Team) atuando em conjunto com o HYS Team, publicou no Ghostbin (site de compartilhamento de texto) quatro “dossiês” com dados pessoais de políticos de alto perfil midiático: a ex-presidente Dilma, o ex-presidente Lula, o Senador Aécio Neves e o pré-candidato a Presidência Jair Bolsonaro.

Screenshot dos dados pessoais do ex-presidente Lula

Screenshot dos dados pessoais da ex-presidente Dilma

Screenshot dos dados pessoais do Deputado Jair Bolsonaro

Screenshot dos dados pessoais do Senador Aécio Neves

É possível argumentar que os dados são públicos e não revelam “coisas secretas”, contudo informar publicamente CPF, endereços residenciais, telefones e correios eletrônicos pode provocar embaraços e consequências concretas para os políticos a quem os dados se referem.

A divulgação de dados pessoais – também conhecida como doxing – é uma prática que alguns hackers e/ou grupos hacktivistas realizam por meio de sistemas mantidos por entidades públicas, mas de acesso restrito (como o CadSUS). Trata-se de mais uma evidência que demonstra a capacidade ofensiva desses atores hacktivistas nacionais.